Principais Metodologias ESG adotadas globalmente

A sigla ESG – Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança) refere-se a critérios específicos para medir a sustentabilidade de uma empresa. Utilizado pelos investidores e gestores para mensurar o impacto de uma organização em seu entorno, a sigla, apesar de criada em 2004, popularizou-se apenas nos últimos anos. Durante a consolidação do termo, diversas metodologias foram criadas globalmente, sendo que cada uma dessas possui abordagens e focos específicos. Abaixo apresentamos as principais metodologias desenvolvidas para mensurar os critérios ESG de uma empresa:

 

  1. Global Reporting Initiative (GRI)

O GRI é um dos Frameworks mais utilizados para relatórios de sustentabilidade. Ele fornece padrões para as empresas divulgarem informações sobre impactos econômicos, ambientais e sociais. O GRI é reconhecido por sua abordagem qualitativa, abrangente e detalhada sobre diversos temas, o que permite comparações entre diferentes empresas. As diretrizes do GRI são divididas em séries principais, sendo elas:

GRI 0: Glossário de Normas;

GRI 1: Fundamentos do Relato;

GRI 2: Conteúdos Gerais;

GRI 3: Temas Materiais;

GRI 200: Tópicos Econômicos Específicos;

GRI 300: Tópicos Ambientais Específicos;

GRI 400: Tópicos Sociais Específicos.

 

  1. Sustainability Accounting Standards Board (SASB)

O SASB desenvolve padrões contábeis que ajudam as empresas a divulgar as informações materiais de sustentabilidade que podem impactar o seu resultado financeiro. Diferentemente do GRI, que engloba todos os tipos de empresa, o SASB possui como foco as questões de sustentabilidade específicas para cada setor. Partindo de normas contábeis, o SASB possui 77 padrões específicos setoriais, ajudando as empresas a reportarem de maneira consistente as informações mais relevantes para os seus investidores.

 

  1. Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD)

O TCFD fornece recomendações para divulgar informações financeiras relacionadas a riscos e oportunidades climáticas. As recomendações do TCFD são amplamente adotadas por empresas e investidores para entender os impactos financeiros das mudanças climáticas em seus negócios, bem como para integrar estas informações nos processos de decisão estratégica. Criado pelo Financial Stability Board, a metodologia foca em quatro áreas principais, sendo elas:

Governança: supervisão e gestão de riscos e oportunidades relacionados ao clima;

Estratégia: impacto dos riscos e oportunidades relacionados ao clima;

Gestão de Riscos: processos utilizados para identificar e gerenciar os riscos relacionados às alterações climáticas;

Métricas e Metas: definição de métricas e metas que serão utilizadas para balizar e gerenciar a estratégia adotada com relação aos riscos e oportunidades climáticos.

 

  1. Integrated Reporting (IR)

O IR é uma abordagem que promove a combinação de informações financeiras e não financeiras em um único relatório, proporcionando uma visão holística do desempenho e das perspectivas da empresa. Este relatório abrange, além dos resultados financeiros, os impactos e as iniciativas relacionadas aos fatores ambientais, sociais e de governança. O seu principal objetivo é demonstrar como estes elementos estão entrelaçados e contribuem para a criação de valor no curto, médio e longo prazo. Ao integrar essas informações, o Relatório Integrado facilita uma compreensão mais profunda das operações da empresa, promovendo transparência, responsabilidade e uma melhor tomada de decisão por parte de todas as partes interessadas, incluindo investidores, clientes e a sociedade em geral.

 

  1. Carbon Disclosure Project (CDP)

O CDP é uma organização internacional sem fins lucrativos que incentiva empresas, cidades, estados e regiões a medir, divulgar, gerenciar e compartilhar informações ambientais importantes. Focado principalmente em mudanças climáticas, segurança hídrica e desmatamento, o CDP fornece uma plataforma para a divulgação voluntária de dados ambientais, ajudando a promover a transparência e a responsabilidade. As empresas que participam do CDP são avaliadas e pontuadas com base na qualidade e abrangência de suas divulgações, incentivando práticas sustentáveis e a mitigação dos riscos ambientais. Ao fornecer dados padronizados e comparáveis, o CDP permite que investidores, reguladores e outras partes interessadas tomem decisões mais informadas sobre a sustentabilidade e o impacto ambiental das organizações.

 

  1. International Sustainability Standards Board (ISSB)

O ISSB é uma iniciativa da International Financial Reporting Standards (IFRS) para criar um conjunto global de padrões de relatórios de sustentabilidade, visando fornecer uma base de informações ambientais, sociais e de governança (ESG) que sejam comparáveis e compreensíveis para investidores e outras partes interessadas. Criado após o IFRS incorporar o SASB, a Value Reporting Foundation (Responsável pelo TCFD e Integrated Reporting) e o Climate Disclosure Standards Board (CDSB), as suas normas visam combinar a experiência e os recursos dessas organizações para criar padrões globais de sustentabilidade, harmonizando e simplificando o panorama de relatórios de sustentabilidade para empresas e investidores. As normas do ISSB se destacam como as principais normas contábeis do ponto de vista do ESG, sendo elas:

IFRS S1 (General Requirements for Disclosure of Sustainability-related Financial Information): estabelece requisitos gerais para a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, assegurando que as empresas forneçam informações adequadas sobre como os assuntos de sustentabilidade podem afetar sua posição financeira, desempenho e fluxos de caixa. Este padrão aborda temas como governança, estratégia, gestão de riscos, métricas e metas.

IFRS S2 (Climate-related Disclosures): foca especificamente na divulgação de informações relacionadas ao clima, baseando-se nas recomendações da IFRS S1. Exige que as empresas revelem como as mudanças climáticas podem impactar seus negócios, incluindo divulgações sobre governança, estratégia, gestão de riscos, métricas e metas relacionadas ao clima.

 

  1. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Os ODS são 17 metas globais estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015, como parte da Agenda 2030. O seu objetivo é erradicar a pobreza, promover a saúde e bem-estar, garantir educação de qualidade, alcançar a igualdade de gênero, fornecer acesso à água potável e saneamento e promover trabalho decente e crescimento econômico, entre outros. Através da Agenda 2030, as empresas desempenham um papel crucial na implementação dos ODS ao adotar práticas de negócios sustentáveis, investir em inovação e infraestruturas verdes e colaborar com governos e ONGs para criar soluções eficazes. Além disso, os ODS podem servir como um guia para as empresas definirem suas próprias metas e objetivos, alinhando suas estratégias corporativas com as prioridades globais de desenvolvimento sustentável.

 

  1. International Organization for Standardization (ISO)

A ISO é uma entidade internacional que desenvolve normas globais voluntárias para garantir a qualidade, segurança, eficiência e interoperabilidade de produtos, serviços e sistemas. Estas normas são criadas por especialistas das indústrias, governos e outras partes interessadas, abrangendo diversos setores e promovendo as melhores práticas em diversos segmentos. Adotar normas ISO vinculadas ao ESG traz inúmeros benefícios para as empresas, incluindo melhoria da eficiência operacional, redução de riscos, aumento da conformidade regulatória e fortalecimento da reputação e confiança dos stakeholders. Apesar de não existir uma norma ISO específica para o ESG, as empresas podem seguir as diretrizes de ISO vinculadas a temas materiais do ponto de vista da sustentabilidade. As principais relacionadas ao ESG são:

ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental), ISO 50001 (Sistema de Gestão de Energia), ISO 14064 (Quantificação, Monitoramento e Relatório de GEE), ISO 14046 (Gestão da Água), ISO 26000 (Responsabilidade Social), ISO 45001 (Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional), ISO 37001 37301 (Sistema de Gestão Antissuborno e Compliance), ISO 31000 (Gestão de Riscos) e ISO 27001 (Sistema de Gestão da Segurança da Informação). Vale ressaltar que no Brasil também existe a norma ABNT PR 2030, que fornece diretrizes para a Adoção das Práticas ESG pela empresa.

 

Conclusão

Cada uma dessas metodologias oferece uma abordagem diferente para a avaliação de práticas de sustentabilidade, adotando critérios de mensuração ESG no todo ou com foco em algum dos três pilares da sigla. Ao adotar estas metodologias, as organizações podem melhorar a transparência, mitigar riscos, identificar oportunidades e ameaças, promover o seu desenvolvimento sustentável e construir pilares sólidos para o seu crescimento.

 

Aqui na Legatum Consultoria, defendemos que estas metodologias devem ser combinadas para se atingir um resultado mais efetivo. Respeitando os pilares e princípios de cada uma delas, nós desenvolvemos uma metodologia própria de diagnóstico de materialidade ESG, pautada em evidências, para auxiliar as empresas a desenvolverem um planejamento estratégico sustentável mais completo e duradouro. Para saber mais, entre em contato com a gente através do seguinte link: https://legatumconsultoria.com/contato/